ESPELHO DAS HORAS
O relógio de mesa
Prostrado sobre a cabeceira da cômoda
me incomodava
- Você devia trocar as pilhas do seu relógio -
Ela me alertou certa vez:
- Para que serve relógio sem pilha?
E fez o sinal da cruz
Lancei-lhe um olhar piedoso:
Ele - murcho
Esquecido no desbotar da inércia e do corriqueiro quarto
a poeira das prateleiras a ponto de adormecer-se sobre ele
Finge vencer o tempo, mas os ponteiros cabisbaixos
imóveis entre o 2 e o 3, o 10 e o 11
(o tempo parou às 2h53)
acusam a debilidade franzina do tique-taque ausente
Tempo contado sem encanto nem viço
Retrato fiel do passa-horas estanque da minha vida
13/2/2002
Prostrado sobre a cabeceira da cômoda
me incomodava
- Você devia trocar as pilhas do seu relógio -
Ela me alertou certa vez:
- Para que serve relógio sem pilha?
E fez o sinal da cruz
Lancei-lhe um olhar piedoso:
Ele - murcho
Esquecido no desbotar da inércia e do corriqueiro quarto
a poeira das prateleiras a ponto de adormecer-se sobre ele
Finge vencer o tempo, mas os ponteiros cabisbaixos
imóveis entre o 2 e o 3, o 10 e o 11
(o tempo parou às 2h53)
acusam a debilidade franzina do tique-taque ausente
Tempo contado sem encanto nem viço
Retrato fiel do passa-horas estanque da minha vida
13/2/2002