PÁLIDAS SOMBRAS

... e eis que vejo então criadas, no branco da tela brilhante, como a faísca de uma pedra de isqueiro, pálidas sombras que dançam, ou nem sequer, porque lhes falta coluna vertebral, apenas sombras sem a costura da vida ou o fio da existência que afirma as criaturas, pois que criaturas não o são, digamos que são fantasmas, brancas sombras pálidas como o senhor sabe, foscos fantasmas a rondar a tela, liquefeitos e redondos, diante de olhos brancos extasiados e vidrados, foscos traços de pincel que brincaram e brincarão em busca de um branco, um tela branca, uma sombra branca e fantasmagórica que nunca se acaba, nunca se apaga, nunca termina; afinal isto, como o senhor deve ter imaginado, não é um relato, não é um diário, isto é uma casa assombrada; fuja.

10.10.06

Mais: Pálidas Sombras v.1