PARA CRISTINA

Em momentos doces
como este
penso em você
Quando é noite e me recolho
num canto da sala
mergulhada na penumbra

O livro que leio,
queria recitá-lo
à cabeceira de sua cama
Essa música,
tocá-la
sob a lua de uma terra natal
e arrancar um sorriso grato
Queria que visse minhas emoções
e as sentisse também

Em certos momentos,
quando me lembro de você,
perco a razão
de tão preocupado
com as problemáticas
pequeno-burguesas
Mas quem disse que o amor
é pequeno-burguês?
Quando me lembro de você
perco a fome –
queria armazenar-me para alimentá-la
Minhas roupas,
que elas lhe servissem – nu
diante de você
já estou
Não há momento mais
delicado
sublime
terno
que estes
quando penso em você

É tarde e sinto sua falta
Sem me perguntar
se de mim tem saudade
Rabisco palavras
desgraciosas
em qualquer folha em branco

Sim, talvez o amor
dos pobres mortais
seja tão só pequeno-burguês
Sem grandeza para fazer brotar
épicos

A poesia do meu amor, amor
não está nas letras
mas na certeza intensa
impulsiva
colérica
brutal
de que estou vivo
que me assalta
quando penso em você


Mais: Para Cristina (v.2) e Para Cristina (v.1)